Show de ofensas e agressões entre cristãos

02-10-2011 11:38

Jesus nos ensinou a amar. A orar por quem nos faz mal. A abençoar quem nos amaldiçoa. A fazer o bem aos nossos inimigos. Jesus nunca ensinou a ofender pessoas. O Sermão do Monte é a epítome disso. Mas, por outro lado, Jesus sempre – desde os 12 anos de idade, quando no templo trocava ideias com os sacerdotes, até sua ascenção ao Céu – debateu ideias, conceitos sobre a fé, as formas de comunhão e muitas questões relativas ao Reino de Deus e sua Igreja. Seu objetivo sempre foi edificar. Ajudar. Melhorar. Pôr pra cima. Jesus nos ensinou com o bom samaritano que por mais que alguém seja diferente de nós em seus conceitos e preconceitos devemos tratá-lo bem, cuidar de suas feridas, gastar o que é nosso para ajudá-lo – no caso da parábola, dinheiro, no nosso caso… tempo? Paciência? Aconselhamento? Horas ao telefone? Um ombro amigo? Orar por DDD, se for o caso? O que for. É um exemplo que procuro seguir. Sou imperfeito, muitas vezes não consigo fazer, erro mais do que acerto, mas sigo tentando. E entendo que essa é uma meta para todos os cristãos. Mas, com base no que Cristo fez e ensinou, procuro, do meu modo falho, humano, pecador e capenga, atingir essa meta.

Infelizmente, muitos cristãos em nossos dias ignoram isso. Tendo como ídolos telepastores que são extremamente agressivos e atacam pessoas nominalmente, ou então pastores revoltados que em seus programas na internet destilam sua ira chamando outros pastores de “bundões”, ou ainda outros péssimos exemplos de liderança, legiões de cristãos por todo o Brasil começaram a achar que isso é o certo, o modelo, o exemplo, o padrão bíblico, o ensino de Jesus: ofender, xingar, ironizar, rotular, depreciar, agredir e atacar outros cristãos com frases-feitas ou termos ofensivos pelo simples motivo de que seus irmãos enxergam a fé e o modo de vivê-la de modo diferente do seu. E isso está errado. Biblicamente, muito errado. Pela razão que mencionei acima: vai na contramão do que Jesus ensinou. Basta ler Mateus 5-7 para saber disso.

Eu tenho opiniões e posições sobre a nossa fé, sobre a Igreja, sobre seus movimentos, sobre formas de culto, sobre milhões de coisas relativas a aquilo que se relaciona ao Alicerce da minha existência, que é a Videira Verdadeira, Jesus de Nazaré. Você também tem. Eu tenho direito a ter e você também. E, com toda certeza, a quase total maioria dos cristãos com quem você vai esbarrar ao longo da vida vai discordar de você sobre muitos aspectos da nossa fé. Provavelmente nenhum concordará 100% com o que você crê. Isso acontece e aconteceu entre milhões e milhões de cristãos, desde os apóstolos até os nossos dias. Sempre será assim. E, infelizmente, é até previsível que seja desse modo, pois eu e você somos humanos e temos visões particulares sobre a vida.

E qual é o problema?

Chegamos então ao problema (e é um problema grave): como lidar com isso? Bem, cada um lida de seu jeito, de acordo com sua maneira de ser, seu temperamento, a qualidade de sua intimidade com Cristo, sua educação e por aí vai. Eu tenho a minha maneira, que aprendi com o tempo, a maturidade, com ensinamentos de pessoas que me discipularam, que aprendi lendo a Biblia em vez de ficar vendo no Youtube pregações de pastores raivosos, que formulei tentando (tentando, afirmo!) imitar o modus operandi de Jesus: argumentar com ideias e conceitos, sem citar nomes. Sem ofender diretamente pessoas, mas questionando ideias que elas tenham e que sejam questionáveis. Já cometi esse erro no passado e é algo que espero não repetir.

Se eu e você somos cristãos, discordamos de algo e por isso faço uma crítica a você, você vai saber a que me refiro, mas não vou te expor. Posso e vou muitas vezes discordar abertamente, num post deste blog, por exemplo, se achar que essa discordância (anônima quanto a quem você é) pode vir a edificar vidas e levar irmãos na fé a uma reflexão que lhes fará bem espiritualmente. E aí você faz o que quiser com minha crítica e minhas ideias: joga no lixo, empurra pro lado ou, quem sabe, aquilo que eu falar poderá levar você a pensar sobre possíveis desvios que esteja cometendo e o que digo te ajudará a ser um cristão melhor, mesmo que não te mude completamente. E vice-versa, pois não sou perfeito nem nunca serei. Mas é o que temos de fazer, simplesmente por ser o que a Biblia nos ensinou: exortar-nos em amor. Nosso debate (educado e sem ofensas, de preferência, como ensina a Bíblia) pode nos ajudar também a edificar melhor a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo em todas as suas centenas de facetas.

Coisas horrorosas

Mas, infelizmente, o que tem havido entre os cristãos (e aqui fujo de propósito de qualquer rótulo ou clichê a respeito do tipo de sua devoção, de sua denominação etc) é que suas ideias estão sendo defendidas com agressões. As mídias sociais (twitter, blogs, facebook etc) têm sido um show de ofensas entre irmãos em Cristo. Leio coisas horrorosas, que me fazem ter vergonha alheia. Leio com uma frequência absurda frases, indiretas, desabafos ou ataques que me enojam e entristecem enquanto cristão: muitos, para combater ideias de irmãos em Cristo das quais discordam usam de uma verborragia que não carrega em si nenhuma graça ou espírito de comunhão. Nenhuma, nenhuma, nenhuma. Seguem um caminho que da graça de Deus não tem nem o cheiro.

Pois o que fazem? Reproduzindo o péssimo exemplo desses pastores que ofendem homens de Deus dos quais discordam chamando-os de nomes como “bundões”, esses tais cristãos, quando veem outros cristãos (repare, ambos são cristãos! Membros do mesmo Corpo!) discordarem de suas visões sobre como a vida de fé deveria ser, começam com ofensas gratuitas. Chamam cristãos que devotam suas vidas à causa de Cristo de “fariseus”, fazem distinções generalistas e ofensivas como “eles, os da religião; e nós, os da graça”, segregam-nos em guetos como sendo “os religiosos” (num sentido ruim, pois ser religioso não é mal algum), e usam outros termos aos quais se apegam para se justificar. E que repetem, repetem e repetem em contextos e de formas altamente pejorativas.

Essa é uma velha e manjada estratégia que quem já estudou Lógica conhece bem, chamada ad hominem. Ela estabelece o seguinte: se você não tem argumentos sólidos contra as ideias de alguém que discorda de você, ataque a pessoa. E isso, meu irmão, minha irmã, não leva a nada. Quem se alegra com isso? Creio que Deus não. E assim esses irmãos em Cristo seguem em frente, agredindo e ofendendo os que não são da sua patota ideológica – de um modo que não vai levá-los a lugar nenhum e agarrando-se a semânticas totalmente questionáveis, como “não somos uma igreja, somos uma comunidade”. Como se isso significasse grande coisa e fizesse grande diferença.

Existem muitas expressões de Cristianismo e suas vertentes. Católicos, ortodoxos, anglicanos, evangélicos reformados, evangélicos pentecostais, evangélicos neopentecostais, evangélicos tradicionais, evangélicos antievangélicos e muitas outras. Dentro desses grupos, há outras subdivisões de crenças e modos de agir: missão integral, igreja emergente, protestantes ortodoxos, calvinistas, arminianos… é um arco-íris enorme, que contém muitas formas de expressar a mesma coisa: uma vida com Cristo. E, em vez de as críticas que surgem uns aos outros (e tenho certeza que, se as críticas partem de um Cristão com “C” maiúsculo, com o objetivo de edificar e não depreciar, é para o bem da Igreja, das ovelhas e do Reino) serem edificantres e feitas em amor, muitos partem para agressões, para rotulações, para ofensas. Chamam seus irmãos de “fariseus” e coisas parecidas. Um caminho triste, sombrio, feio. O título deste post é, por isso, “Show de ofensas entre cristãos”. Oo original era: “Você é dos cristãos que ofendem ou dos que edificam?” Creio que é uma pergunta válida.

Leio no twitter retuítes (pq eu não sigo os agressivos, se vejo que entraram por esse caminho podem ser o mais famosos que forem eu simplesmente dou unfollow) de uns que se posicionam petulantemente como “os da graça”, falando tantos absurdos contra a Igreja tradicional (institucional, evangélica ou seja lá o rótulo que queiram colar na nossa testa) que sou levado da tristeza à revolta. O Corpo de Cristo está dividido, está se agredindo, se auto-mutilando. Benefícios disso? Taí, boa pergunta, não vejo nenhum. Ofender, pelo que entendo, é inútil. E, enquanto isso, almas estão indo para o inferno.

Eu prefiro estar entre os cristãos que debatem ideias. Com argumentos. Com Biblia. Com História. Com fatos. Não vou chamar um irmão em Cristo por quem Jesus deu sua vida de “fariseu” ou de “religioso” (no sentido de alguém que vive uma religiosidade de rituais vazios e nenhuma intimidade com Cristo) justamente porque tenho muito temor ao Senhor. Mas se eu vir que esse irmão está seguindo num caminho que eu entendo biblicamente como sendo perigoso para sua própria vida espiritual e que ele pode influenciar mentes néscias, que não tiveram muita chance de estudar a Biblia nem têm intimidade com Jesus, eu vou sim me posicionar sobre suas ideias. E posso ser incisivo nesse posicionamento, sem faltar com a educação. Porque aí estarei defendendo o rebanho do Senhor. Eu amo Cristo. Amo a Igreja. Amo as almas. E estou combatendo o bom combate, mesmo que nesse caminho leve algumas pedradas e seja chamado de “fariseu”. Aceito isso em paz, pois isso me inclui entre os bem-aventurados de Mateus 5.

Uma reflexão final

É engraçado. O líder-mor no Brasil dos que se chamam de “os da graça” vive destilando em seus programas na internet acusações, defesas de si próprio, ofensas, iras, xingamentos, verborragias e ataques. Chamou já algumas vezes no ar, como eu já disse aqui, pastores sérios e homens de Deus que estão militando seriamente na causa de Cristo de “bundões”. Por sua vez, o meu líder, que é líder de uma igreja institucional, é litúrgico e ortodoxo, me ensina a não revidar ataques, a aguentar acusações, a andar a segunda milha, me exorta com carinho se sou agressivo demais em um post do APENAS, explica que esse não é o caminho, me adverte que a justiça pertence a Deus (imperfeito que sou, um dia eu chego lá). E aí eu me pergunto e estendo essa pergunta a você, querido leitor: quem tem mais graça nessa história? Quem é mais parecido com os fariseus? Quem parece viver uma religiosidade e um amor da boca pra fora? O líder cristão institucionalizado (que seria o terrível “o religioso”) ou o líder cristão da instituição anti-instituição (que seria o magnífico “o da graça”)?

Acredito que uma rápida reflexão responde essa pergunta.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

 

Escrito por: Maurício Zágari

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